quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Breve introdução ao Chá

Depois de tantos posts sem muito interesse, resolvi portar-me bem e fazer um post decente... e dar algum tipo de informação.

O Chá é nativo de regiões subtropicais com clima de monções, o chá também é cultivado em climas tropicais, obtendo maior sucesso em regiões de alta altitude. Quantitativamente, das cerca de 3.000.000 de toneladas produzidas anualmente, metade é produzida pela China e Índia, em proporções iguais. 60% do restante é produzido pelo Quénia, Turquia, Indonésia e Sri Lanka. Na Europa apenas é cultivado nos Açores, onde são produzidas anualmente cerca de 40 t.

Em todas as regiões produtoras, o cultivo é semelhante, utilizando árvores podadas, para facilitar a colheita, e relativamente jovens, sendo substituídas quando começam a perder produtividade, com cerca de 50 anos. Notáveis exceções incluem o Gyokuro, chá verde japonês, protegido do sol durante o cultivo, e o Pu-erh, tradicional chá do sudoeste da China, que utiliza árvores com dezenas de metros e centenas de anos, muitas delas selvagens.

A Portugal se deve a introdução do consumo de chá na Europa e o cultivo do chá em 1750.
Foram produzidos, na Ilha de São Miguel em zonas de micro-clima como Porto Formoso e Capelas, 10 kg de chá preto e 8 kg de chá verde. No entanto seria só um século depois que, com a chegada de mão de obra especializada, a produção se tornaria consequente, passando a haver uma aposta na industrialização do processamento após apanha das folhas.
De ressalvar que, apesar de o processo de cuidado dos arbustos até à colheita ser o mesmo há 250 anos, actualmente o chá produzido nos Açores, sob o nome genérico de
Gorreana, ser considerado um chá biológico, o que em muitos mercados provoca uma ideia de novidade que não é de todo factual. Também estranhamente, este chá praticamente tem toda a sua produção dividida entre a região dos Açores, a comunidade da ilha na diáspora e o Reino Unido, onde é apreciado de forma quase mítica. (por isso é que quando eu estive na Gorreana umas Inglesas estavam a delirar com o Orange Pekoe, e a dizer como era possivel só custar 2.50euros).

O chá é a infusão de folhas ou botões da planta Camellia sinensis, geralmente preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode incluir oxidaçao, e o contato com outras ervas, especiarias e frutos.
A palavra "chá" é também usada popularmente para referenciar qualquer infusão de fruto ou erva, mesmo não contendo folhas de chá, como, por exemplo, o chá de camomila
.

O Processo do Chá (Camellia Sinensis)

Os quatro tipos de chá são distinguíveis pelo seu processamento. Camellia sinensis é um arbusto sempre verde cujas folhas, se não são logo secas depois de apanhadas, rapidamente começam a oxidar. Este processo lembra a maltização da cevada; as folhas ficam progressivamente escuras, assim que a clorofila se quebra. O processo seguinte no processamento é parar o processo de oxidação num estado predeterminado removendo a água das folhas via aquecimento. O termo fermentação foi usado para descrever este processo, mesmo que na verdade nenhuma verdadeira fermentação aconteça (ou seja, o processo não é dirigido por micróbios e não produz etanol).
O chá é tradicionalmente classificado em quatro grupos principais baseados no grau de fermentação:
Chá branco - As folhas do chá branco são apanhadas à mão, vaporizadas e secas ao sol, sem passar pelo processo de oxidação. Além de folhas, o chá branco contém uma quantidade de botões da variedade Narcissus da mesma planta do chá, colhidos ainda muito verdes. O chá branco tem menor quantidade de cafeína e um sabor muito delicado, doce e complexo. Algumas investigações científicas apontam para as propriedades benéficas do chá branco, semelhantes às do chá verde, mas mais pronunciadas. É atribuída a este chá a capacidade de combater a formação de células cancerígenas, prevenir infecções, pneumonias e cáries dentárias. Parece ser, igualmente, bastante mais eficaz contra os radicais livres que causam a perda de firmeza da pele. Por esse motivo, a indústria de cosméticos está muito interessada no chá branco para produzir cremes de beleza..
Chá verde - É o chá mais consumido no Japão. As folhas são as mesmas que as usadas no chá preto e oolong, mas são vaporizadas imediatamente depois de serem colhidas, pelo que permanecem verdes. O chá verde não é oxidado. As folhas recém colhidas são deixadas a murchar apenas ligeiramente, sendo imediatamente enroladas e torradas. Como resultado, o chá verde é de qualidade mais herbácea ou vegetativa que o preto ou oolong. Uma chávena de chá verde é geralmente mais leve e com mais nuances que outros chás. A mistura, feita a temperaturas mais baixas e por menos tempo, resulta em chás com menos cafeína (10% a 30%). Diversas pesquisas médicas atribuem ao chá verde propriedades notáveis, sendo mesmo referido como um dos “super-alimentos” do futuro. Nas regiões da China onde é plantado o chá verde, há cidades inteiras onde as taxas de cancro e doenças são significativamente menores do que a média nacional.
Oolong - Alguns entusiastas defendem o oolong como o “champanhe” dos chás. As folhas, grandes, são parcialmente oxidadas, representando 3% do consumo mundial. Contém um teor de cafeína médio, entre o preto e o verde, apresentando um sabor nem tão forte nem tão subtil como aqueles chás. O seu aroma é, antes, comparado ao de flores ou frutas frescas. (
Percebes agora Isabel porque que o achas sempre tão caro).
Chá preto - oxidação substancial. A tradução literal da palavra chinesa é chá vermelho, o que pode ser usado entre os fãs de chá. É o mais comum dos chás, representando cerca de 70% do consumo mundial. É feito com folhas provenientes do arbusto perene com cerca de 1 metro de altura, nativo da China e da Índia. As folhas são deixadas a murchar e sujeitas a várias horas de oxidação. Durante este tempo, a água evapora e a folha absorve mais oxigénio. Como resultado, as folhas de chá preto são muito escuras, daí o seu nome. O chá preto tem o sabor muito mais pronunciado e, quando bem misturado, contém maior percentagem de cafeína (50% a 65%) que outros chás.

variações pouco comuns - estão disponíveis várias preparações de chá que não se enquadram na nomenclatura usual.
Pu-erh - Por vezes considerados como uma subclasse de chá preto, pu-erh é um produto muito invulgar. O Pu-erh é, por vezes, descrito como duplamente fermentado: a segunda "fermentação" pode ser ação de micróbios e moldes. Enquanto que a maiorias dos chás são consumidos num ano após a produção, o pu-erh pode ter mais de 50 anos. O chá é normalmente embebido por um longo perídodo de tempo ou até mesmo fervido (os tibetanos são conhecidos por deixá-los a ferver durante a noite). O Pu-erh é considerado como um chá medicinal na china.
Chá Amarelo - é usado como um nome de chá de alta qualidade servido na corte imperial, ou de um chá especial processado similarmente ao chá verde, mas com uma fase mais curta para secar.
Chong Cha - literalmente "chá quente", esta espécie é feita a partir de sementes de botões de chá em vez de folhas. É usado na medicina chinesa para lidar com o calor do verão bem como para tratar sintomas de gripe.
Kukicha ou chá de inverno - feita de galhos e folhas velhas twig podadas da planta de chá durante a época dormente e tostado a seco sob o fogo. É popular na mediciona tradicional japonesa e na dieta macrobiótica.
Jasmim - Servido tradicionalmente com ou após as refeições, especialmente Dim-Sum. Chá exótico, verde, perfumado com flores de jasmim.
Lapsang souchong de Fugan China - é um chá preto forte que é secado em pinho a arder, logo desenvolvendo um sabor forte a fumo.
Chá Rize - chá preto forte produzido na Turquia, com um sabor distinto e preparação específica, incluíndo pré-aquecimento, servido com açúcar.
Gunpowder - Nome estranho que deriva da forma como as folhas são enroladas formando bolinhas (pólvora). Chá verde tradicional, pálido, contendo menos cafeína do que qualquer outro chá. É o chá verde mais forte que se usa na Europa.
Rose Pouchong - Chá delicado, perfumado com pétalas de rosa.
Russian Caravan- Uma excelente mistura de chás Oolong da China e Formosa. Óptimo para tomar à tarde ou à noite.
Assam - Chá com o seu próprio símbolo, proveniente da província indiana do mesmo nome. Chá forte, de cor viva e aroma maltado, muito apreciado.
Darjeeling - Chá indiano, cultivado a uns 2 mil metros de altitude no sopé dos Himalaias, muito apreciado pelo seu sabor delicado, agradável a qualquer hora.
Nilgiri- Chá indiano, com o seu próprio símbolo, tal como os anteriores. Cultivado nas montanhas azuis do Sul da Índia. Sabor forte e perfumado.
Ceilão - Os chás do Ceilão, cultivados nas regiões altas do Sri Lanka, são utilizados principalmente para lotes. O melhor chama-se Dimbula. Todos são excelentes, leves e de bom sabor.
Sencha - O mais popular no Japão.
Gyokuro - O chá mais fino, colhido à mão, à sombra. Líquido verde. Rico em aminoácidos e clorofila.
Bancha - Qualidade mais inferior.
Hojicha - Obtém-se torrando dois chás de qualidade inferior, o Bancha e o Sencha.
Matcha- Chá preferido para a cerimónia do chá. Trata-se de Sencha, feito em pó.
Chá Touareg - é chá verde forte com Nana hortelã, preparado nas áreas desérticas do norte de África e Médio Oriente.
Jagertee - é o chá com adição de rum.

Quase todos os chás em saquetas e a maior parte dos outros chás são misturas. Apesar de recentes melhoramentos na técnica de congelação seca e do método melhorado de infusão, são vendidos o pó de chá e a essência condensada de chá que apenas necessitam água quente ou fria para se preparar uma chávena de chá. A mistura pode ocorrer ao nível de uma só área de plantação, (exº.Assam), ou podem ser misturados chás provenientes de diversas áreas. O objectivo da elaboração de misturas é a obtenção de um sabor estável ao longo dos anos e de melhor preço. Numa mistura, o chá mais caro e mais saboroso pode encobrir o sabor inferior de um chá mais barato.
Há vários chás que contêm aditivos e/ou processamentos diferentes das variedades "puras". O chá tem a capacidade de adquirir qualquer aroma facilmente, o que pode trazer problemas no processamento, no transporte, ou na sua armazenagem, mas essa capacidade também ser aproveitada vantajosamente para preparar chás aromatizados.
O chá de jasmim é espalhado conjuntamente com flores de jasmim durante a oxidação, e ocasionalmente são deixadas algumas flores no chá como decoração. Muitas outras flores, como a rosa e outras flores perfumadas, são usadas como aromatizantes do chá na China.
O chá Earl Grey é geralmente uma mistura de chás pretos, com adição de essência do fruto tropical bergamota.
Chás com especiarias, tais como o indiano chai, aromatizados com especiarias tais como o gengibre, o cardamomo, a canela, a pimenta preta, o cravo-da-Índia, a folha da baía indiana e por vezes a noz-moscada são comuns no sul da Ásia e no Médio Oriente.

A influência do chá na saúde, ora quem nunca bebeu um cházinho quando esteve doente?
O chá é tradicionalmente usado nos seus países de origem como uma bebida benéfica à saúde em vários aspectos. Recentemente, cientistas têm se dedicado aos estudos dos efeitos do chá sobre o organismo, bem como conhecer melhor as substâncias que promovem esses efeitos.
Estudos já demonstraram que o chá preto é eficiente como anti-oxidante e neuroestimulante, sendo aplicado em estudos contra o cancro e epilepsia.
chá verde apresenta propriedades músculo-relaxantes, com efeito sobre a hipertensão e ulcerações no aparelho digestivo. Este chá contém galato de (-) epigalocatequina, uma substância que tem se revelado efetiva contra infecções bacterianas, além de dificultar ou mesmo paralizar o ciclo reprodutivo de alguns retro-vírus, como o Influenza e o HIV tipo 1.
Ambos os tipos possuem praticamente as mesmas substâncias, porém em concentrações muito diferentes devido aos processos de preparação diferentes. Por isso, é comum o uso de chá verde em experimentos contra o câncer, e do chá preto em pesquisas contra a hipertensão sangüínea.
No entanto, todos os tipos de chá são ricos em teanina e saponinas, e quando ministrados em excesso podem causar danos ao organismo. Um estudo com pacientes apresentando tumores procurou determinar uma dose segura de chá verde para que pudesse verificar sua eficácia no combate à moléstia. No entanto, o estudo resultou apenas na intoxicação da maioria dos pacientes por teanina.

para quem quiser saber mais sobre a parte científica do chá aqui fica um site bastante esclarecedor.

Bem... nisto fiquei a saber que tenho imensos chás para beber, mas também já tenho vários dos que falei aqui. E que o meu querido chá vermelho Rooibos afinal esta inserido no chá preto, andei enganado tanto tempo. E que pouco encontrei sobre ele na net a não ser que é uma variante do chá preto muito usada nos paises do sul da Africa, com um processo de secagem semelhante ao preto.

(faltam as imagens... meto mal consiga)

2 comentários:

Isa disse...

Já me ia zangar contigo, da primeira vez que li o post (muito por alto, é certo) não vi nada que referenciasse o Earl Grey ou o indiano Chai que são os meus favoritos! E quanto ao achar o Oolong caro, bem eu acho tudo caro, mas quaisquer das maneiras tenho aqui Oolong para experimentar :) e a ver se compro mais Earl Grey que tenho saudades, o meu já se acabou à imenso tempo...

Mr. Placard disse...

Breve ?!?!?! Ninguem diria!! LOL

E falta um muito importante!!: ICE TEA

LOL